Humberto Mainenti
Toda cidade tem os seus personagens. Aquelas figuras conhecidas, que todo mundo já viu ou ouviu falar. Belo Horizonte não é diferente. Aqui também existem / existiram "personagens" - sejam pessoas comuns ou figuras lendárias - que são assuntos recorrentes nas rodinhas de amigos. Que tal relembrarmos alguns deles?
Começo citando algumas famosas "lendas" de BH, que não poderiam ficar de fora de uma prosa como esta: quem não se lembra da Loura do Bonfim ou do Capeta do Vilarinho? A primeira - diz a lenda - assombrava os desavisados que transitavam pelas redondezas do cemitério que tem o mesmo nome, na região central da Capital, há algumas décadas; o segundo, exímio dançarino, dava o ar de sua graça nos bailes da Quadra do Vilarinho, na região de Venda Nova, no início dos anos 90. Vasta "literatura" sobre estes dois personagens pode ser encontrada pelos interessados no assunto.
Mas não é sobre estes que eu quero falar. Relembrarei aqui das pessoas comuns, de carne e osso, famosas ou não, mas sempre presentes na vida do belorizontino. Dentre estas, a mais famosa talvez seja Lacarmélio Alfêo de Araújo, cidadão que, há pelo menos 15 / 20 anos (calculo eu), vende, nos semáforos da Capital, o gibi Celton, criado, editado e produzido por ele mesmo. Quem nunca viu aquela peça rara, de terno e, invariavelmente, algum outro adereço esdrúxulo, pulando entre os carros de algum sinal de BH?! E os títulos dos gibis?! "O combate da sogra com o Capeta"... E por aí vai!... Até no Jô Soares o cara já foi! Se não conhece, recomendo! Sou leitor assíduo!
Por falar em terno, quem transita pelas avenidas da região Centro-Sul da cidade, certamente já viu o Marcelino de Souza. Não conhece o nome? Mas se eu falar do cara que vende panos (daqueles de limpeza) nos sinais de trânsito, trajando impecáveis ternos, sob o sol de trinta e tantos graus das nossas tardes de Primavera, você vai se lembrar, né?!
"Faaaaaaaaaaacaaaaaaa; teeesooooooooooouura; aaaaaalicaaaaaaaate de uuuuuuuuuuunha!!!!! Ooooolha o amoooooladooooooooorrrr!!!!!" Duvido que alguém que reside ou trabalha na mesma região Centro-Sul nunca tenha ouvido esta ladainha! Este é o improvável amolador de facas que, com seu carrinho, percorre as ruas de uma das regiões mais nobres da Capital. E o que é mais incrível: tem clientela!!!
E o Raul?! Aquele cara que andava pelas ruas, principalmente durante a noite, com uma bicicleta velha, toda emperequetada, seguido por um cachorrinho sarnento, cantarolando os clássicos do ancestral roqueiro brasileiro... Este, faz muito tempo que não vejo. Ainda está por aí?
A turma do Rock certamente se lembra da Tomate. Filha de mãe famosa, era figurinha certa em todo show de Metal em BH, principalmente nos da banda mineira Overdose, que era sempre recebida por nossa personagem com seu famoso brado: "Booooooozóóóóóóóóóóóó!!!!!!" - paixão incontida pelo grande Bozó, vocalista da banda, atualmente um dos mais conceituados tatuadores de BH.
Sem querer curtir com a desgraça alheia, registrarei aqui alguns que, pelo lado triste da vida, acabam marcando presença em nosso cenário urbano também: o primeiro é o cara que anda com uma cartolina amarela, onde escritos com pincel atômico informam: "Sou portador do vírus da AIDS etc. etc...." (acho que este anda por aí até hoje; exemplo de resistência...).
Tem também a velhinha que pede esmola na região central: não há quem não se apiede daquelas rugas e da carinha sofrida. Nem falar ela consegue direito... Mas experimente dar moedinha de baixo valor para você ver o que acontece!!! Ela joga tudo no chão e sai xingando e pisando duro!!!
E o gordão do túnel?! Aquele mendigo enorme, obeso, que ficava na região do Complexo da Lagoinha. Podre de sujo, normalmente envolvido apenas por uns poucos trapos, que mal cobriam as suas "vergonhas", era conhecido, por alguns, pela alcunha de Idi Amim. Este sumiu... Não sei o que foi feito dele... Alguns me disseram que foi recolhido por uma instituição de caridade. Outros afirmam que ele morreu.
Quem morreu mesmo (e pela segunda vez, inclusive! He he he!) foi o Zé Gomes. Este era um senhor (bem no estilo "preto véio") que andava pelas ruas da região do Jaraguá, se oferecendo para capinar lotes, aparar grama de jardins, essas coisas. Aprontava das suas, mas era fácil de lidar e as pessoas acabavam ajudando. Uma ocasião, correu a notícia de que ele tinha morrido. Todos sentiram; não sabiam sequer se ele tinha parente ou alguém para olhar por ele. Até que, um belo dia, eis que vejo (eu mesmo, "com esses óio que a terra há di cumê"!!!) o Zé Gomes andando pela rua. "Sombração" danada!!! Durou ainda mais alguns anos; depois morreu de verdade.
Antes de terminar, queria relembrar um que não é de BH, mas cuja figura me faz rir até hoje: trata-se do Juquinha (acho que era esse mesmo o nome), um desses "doidinhos" do interior... Este andava pelas ruas de Bambuí, nos idos anos 80, com uma metade de bola de capotão fazendo as vezes de chapéu e com o enorme barrigão de fora. Detalhe: ele andava "pelas ruas" mesmo! Em suas alucinações, fingia que dirigia um caminhão: fazia manobras, gritava com seus companheiros imaginários, xingava outros motoristas... Uma peça!
Bom... Não me lembro de mais ninguém no momento. E você, se lembra de mais alguma dessas figuras? Deixe aí o seu comentário!
Grande Humberto! Sou fã deste seu blog!
ResponderExcluirO Raulzito tá por aí ainda... Recentemente estava na fila para participar de uma audição para um programa do SBT, acredita? Ídolos ou algo do gênero. ahahahahahah...
Grande abraço!
Valeu, Raymundão!
ResponderExcluirDepois que publiquei, já tive várias notícias das "peças" aí...
Abraço!
Humberto, o mesmo Raul participou há pouco tempo do "Se vira nos 30" do Domingão do Faustão E acredite, além do violão desafinado, se apresentou junto da sua indefectível bicicleta e acompanhado por um cãozinho...
ResponderExcluiropa Beto, já me esbarrei com a velhina do centro algumas vezes e presenciei algumas situações engraçadas com a tal figura...ela fica sempre ali na rua dos guajajaras nos botecos próximos ao prédio do Rotary.
ResponderExcluirUm certo dia, estava eu e um amigo no boteco quando ela me abordou. Driblando toda a sua dificuldade da fala e utilizando de um recurso inovador(o que antes ninguém havia visto), a senhora me solta: " Ô meu melhor amigo, me dê uma ajuda, meu melhor amigo"...não bastasse a surpresa de descobrir que aquela senhora falava, descobri também que, ao ser contrariada, soltava palavrões com uma desenvoltura e articulação jamais imagindada....ao negar a ajuda, escutei um F.... da Pu...a F...dá Pu...a viu! rsrs
Que barato! Mais notícias da galera! Valeu, Tomás e Flávio!
ResponderExcluirBert, a Tomate continua firme e forte em 99% dos shows, com seus biscoitos recheados e arrastando uma cadeira pra todos os lados!!! Abraço
ResponderExcluirHumberto,
ResponderExcluirBom lembrar esses personagens de momentos de nossa vida, né? Trombamos com eles, sumimos daquelas regiões, passa um tempão, voltamos e lá estão eles de novo.
Eu me lembro, sim, de alguns que você mencionou, e de outros, como, por exemplo, do Tostão, com uma voz poderosíssima, toda noite, no início da madrugada, vendendo o Estado de Minas ali pela Rua da Bahia e adjacências.
E de alguns outros, que por serem da minha infância e por eu não ser mais muito novo, pouca gente vai lembrar.
Bem, fica aí meu abraço. Continue.
Vadinho.
Boa, pessoal! Aí estão as notícias! Estão todos firmes e fortes aí!
ResponderExcluirValeu, Vadinho e Zuin!
Continuem mandando notícias!
Fala meu amigo Humberto, adicionei seu blog em meus favoritos e tentarei sempre que der passar por aqui. Parabéns meu caro! E me lembro muito bem de algumas "peças raras" que você citou, inclusive o Juquinha da minha/nossa "terrinha" Bambuí, o cara era enorme e muito glutão. Grande abraço meu amigo.
ResponderExcluirHe he he! Grande Ivarleno!!!
ResponderExcluirEra esse mesmo!
Tentarei fazer valer a pena suas vindas por aqui!
Valeu!
Abraço